Não deixei que fosse em vão o tormento provocado pela tua religião, nem sei como esses desprovidos de amanhã conseguem afectar tão solenemente tanta fiel alma.

O que eu penso é diferente do que eu digo, o que digo é diferente do que eu faço, o que eu faço é diferente do que o que eu devia fazer e tudo isto é diferente do que eu sinto. A força do meu eu será sempre inferior à do resto do mundo, quanto mais não seja por questões matemáticas.

Algarismos flutuantes como pedras cintilantes, tudo se torna claro ao anoitecer, tudo menos a luz. A luz que enraivece a vista, enraivece de sobre maneira que a torna nublada e embaciada, que efeito este nos provoca quem nos deveria fazer ver melhor. Se calhar é tudo ilusão, se calhar a luz é um artificie simulatório que muda o mundo em segundos, se não porquê estes mesmos de adaptação a algo tão natural? Naturalmente que não será assim tão linear. Afinal a perfeição não está na luz...sempre tinham razão aqueles que insistiam que na escuridão está a felicidade? Foi há tantos séculos que me custa a querer, tão primitiva beleza de viver aquele em que a ignorância era poder.

Se calhar prefiro mesmo apagar as luzes para começar a ver. É reconfortante ver tudo como quero e não como me obrigam. A mim e a todos, pelos visto. Esses artistas pictóricos que nos pintam à imagem do que nos rodeia.

E há quem viva os mesmos capitulos.

Balla - Construí uma mentira

Não é algo que sonhe.
Tive-te quando mais queria
Ficaste enquanto quisemos
E partiste quando quiseste

Não era fundamental
Partilhar mais do que nós
Quando te tive temi que me quisesses
E quis-te muito forte quando partiste

Talvez volte a ter-te
Alterarei o que escrevi
Não que a história mude,
Essa repetir-se-á

Sinto que só assim
Com mais uma vez
Terei um ponto final

Não, não pensei que tinhas algo a esconder
Pareceu-me tão claro o que nos estava a acontecer
Se o que trocámos não conta, eu não quero viver
Construí uma mentira que me está a corromper.




letra: Armando Teixeira

Próximo Capitulo?

Eles estão sempre a mudar, por vezes mais rápido outras mais vagaroso. Por vezes mais intenso outras vezes mais estático.

Independentemente do que se passou no capítulo anterior é normal que não mudem as personagens principais, podem se acrescentar algumas e até perder outras, desde que secundárias. As principais mantêm-se sempre...podem é tornar-se noutra coisa aos olhos da história. Muitas vezes passam de bestial a besta, não raras também as que fazem o percurso inverso. Podem ir perdendo valor ao longo dos vários capítulos até que chegam ao fim quase insignificantes mas quem marca não se perde.

Quem lê o livro nunca sente exactamente o que sentiu o autor na hora em que o escreveu, quem está de fora terá certamente uma visão muito mais racional. As personagens realmente boas são as que nos emocionam mesmo ao analisar de fora, seja pela negativa ou pela positiva. Alias, sempre se deu muito valor ao certo e ao errado mas ainda mais ao extremo de cada um.

Depois há aquelas personagens que vão da penumbra à luz num ápice quase tão veloz como o seu regresso. Dessas fica sempre a sensação, mas não a história. E ainda há os figurantes, escondidos por detrás das linhas e dos parágrafos de cada página.

A principal das principais personagens será sempre na 1ª pessoa, quase inevitavelmente. Essa vai-se escrevendo como pode e deixa o que não pode para que alguém escreva. Se chegarmos ao fim com algo bonito escrito podemos nos considerar realizados. Vamos deixando que nos completem as frases ou até que escrevam parágrafos de raiz com base na confiança, porém há os que escrevem muito bem mas com muito más intenções... Iludem com a beleza da pontuação acertada mas por fim desencantam com uma história de desamores e traições. E destas nunca ninguém gosta, pelo menos na 1ª pessoa.

Até aos últimos suspiros o final torna-se sempre imprevisível...é um livro sem contagem de páginas que teimam em nunca terminar nem como nem quando deve.

Quando o vácuo

Naquele dia disseste que sim, disseste tudo sem mover os lábios, fizeste com que o meu mundo fosse finalmente o lugar em que eu quero viver com o simples olhar.

Naquele dia passaste por tudo, passamos pelos mais baluartes sentimentos. Fizeste com que todas as más sensações fossem com a brisa ter ao mar. Fizeste com que tudo que é salutar estacionasse no teu divino ser.

Eu não diria tanto não fosse a fiel confirmação do brilho dos teus olhos, aquela magnificência do deixar de pensar, deixar de existir e começar a flutuar…contra o vento e em direcção ao mar.

É do vento, disse eu. Mas elas jorravam, jorravam por ti, por tudo o que representas e por tudo o que me fazes representar, sem representar embora te insistas em assim apresentar.