Não sei

Quando mais pensei conseguir foi quando vacilei. Estava sozinho, no meu quarto. Confiante na reviravolta, confiante em passar por cima em andar e frente. Estou agora no mesmo quarto, todo ele atormentado pela desconfiança. Toda a a ilusão se transformou em restias passadas e mal vividas, mal esclarecidas. Terei um ponto final? Se ainda a pouco o firmara agora só penso em lhe acrescentar mais dois pontos reticentes, tu e eu. Nunca fui de causas esquecidas e de guerras perdidas, nunca fui de perder tempo a lutar por algo que não dependo conquistar. Quem me dera dizer para irmos em direcções opostas...quem me dera conseguir eu virar na próxima esquina, mas a cada segundo cada vez mais me desidrato. Será que amanha o tempo vai mudar?

Não, não é cansaço...

É vazio. Sonhei contigo e acordei, desilusão de não te ver e continuar a sonhar. Cada vez mais agoniante, pior que uma ressaca esta ausência de emoção. Peguei no telefone e pousei vezes sem conta, sem novidades. Sonhei que adormeci para sonhar contigo mas continuava acordado. Dei voltas na cama e acordei do pesadelo de estar acordado. Mas continuei sem dormir e agora sem sonhar, agora só desespero. O corpo está gélido e as mãos tremulas. Que estranha sensação que já me entranha. Tantas vezes a senti e nunca com esta intensidade. Droguei-me do teu olhar, como se de cocaína da felicidade se tratasse, e era mesmo. E é mesmo. É uma tempestade num copo de shot, é um terramoto numa areia, é cruel mesmo assim. É frio e infeliz. Ontem não tanto por mim, hoje por nós. Não me sentia assim desde que...eu nunca me tinha sentido assim.

Assolei o pensamento com inúmeras tentativas de relativizar a importância desta nova sensação, é só uma canção triste que chora ao coração. É só um dia de chuva. Os segundos vão-se acumulando, são como alteres nas costas, estou a suportar com o mundo todo, estou a sofrer o triplo do que jamais alguém sofreu algum dia, estou no limiar mais degradante da infelicidade ou então estou só a exagerar.

Amanhã será um novo dia, mas um em que o sol tem presença certa. Seja ela mais ou menos tímida. Amanhã será um dia feliz. Amanhã será um dia de confiança. Amanhã será o dia em que tudo será perfeito, amanhã é um dia sem amarguras. Por isso quero dormir, preciso mais do que de respirar.

Rompe-se o peito com uma certeza, és tu. Eu sei, já sabes. Nem que eu quisesse esconder. Rugem o teu nome aqueles imperiosos reis. As nuvens têm a forma do teu rosto e as minhas linhas escrevem o teu nome.

Esta angustia de sofrer e não saber de quê. Não consigo nem apontar onde e o quê é que me doi. Doi-me tudo sem sentir dor. Doi-me tudo e não sei como, só porquê. Sei e não concordo. Sei que não é motivo. Não sei nada, ou sei muito pouco. Cada vez sei menos. Agora já só sei que te amo, mais uma vez. Mais vezes que amanhas. Estes todos, desde o inicio dos tempos.

Ensina-me tudo, prova-me que afinal sempre soube. Eu não duvido de ti, duvido da minha capacidade de te cativar. Sinceramente, nem sei como foi. Não sei porquê, nem com o quê. A este paragrafo já sou mais feliz que toda a gente, já passo por cima de todos para te alcançar. Já luto contra o mundo, já te tenho comigo. E espero sempre ter, promete-me que sempre terei.

Desculpa o desespero, mas tudo se torna claro agora. Continuo a precisar de ti para viver, só agora me apercebi que te respiro mesmo quando não estás. As nuvens afastaram-se para eu ver os teus olhos e a brisa que corre é um suspiro teu ansiando pelo mesmo.

249300

Passei eu sem ti e vejo continuação. Tudo depende da perspectiva, podemos reduzir a 3, mas para mim foram mesmo 249300...e agora já 249301. Não que o desespero seja cego, mas é consciente da desculpas que pode arranjar. A ausência que é quase irrelevante torna-se quase insuportável pelas condições que entretanto se foram afigurando. E agora? Não tanto o presente, mas o futuro tem uma certeza, o desespero. Suportável por outros suportes, uns mais sólidos e seguros, mas ainda assim exasperante. Na construção de uma casa, o que a vai segurar para sempre serão os alicerces, quanto mais frágeis estes forem menos o para sempre desta casa vai durar, se os alicerces desta casa forem tão fortes como o que eu sonho e sinto, o para sempre dela será mais longo que o para sempre da humanidade. De qualquer forma, deves estar a chegar.

setecentos anos.

Amanhã talvez não chegue mas aproveitamos o hoje ao máximo, foi um dia banal em que o sol nasce para te ver e vai-se embora para te voltar.

Mas já se sabe como ele pensa, são só umas horas. Assim o parece quando ainda são só minutos, depois assemelham-se mais e meses, anos, eternidades.

Ontem ainda aqui estivemos, esse ontem que já foi há mais de 15 dias. De ontem para hoje tantos amanhãs mudaram.

Também pensamos que nunca mais seria e agora sabemos que nunca mais vai deixar de ser. Mas agora com aquela certeza que até setecentos anos é pouco tempo para tanto que temos para viver.

Eu, que agora sei que sempre soube, que sinto aquela força de te ter a meu lado, que levo para todo o lado um peito cheio de ti prometo que não acaba mais, prometo que aquele por do sol vai durar para sempre, prometo que jamais te vou ignorar ou tentar odiar.

Já sei também que agora sentes o mesmo. Ou que então sempre sentiste mas só agora notaste. Também sei que sinto o mesmo ou ainda superior.

Uma vez nós, para sempre nós.