Sonhei contigo, sonhei contigo quando pensei já te ter superado. Sonhei contigo quando já nem em ti pensava, conscientemente apenas, pelos vistos. É complicado agora digerir reacções. Se por um lado já tudo foi dito por outro ainda ficou muito por concretizar.
No meu sonho eras diferente, eras mais como eu e menos como tu. Um bocado narcisista, mas eu não controlo os sonhos. Eu não posso falar de toda a gente, mas quanto a mim não é o oposto que atrai, quanto mais as pessoas se assemelham mais atraido me sinto. Se calhar no fundo procuro outro eu no sexo oposto. Um ser perfeito a meus olhos. Por muito que não me considere perfeito, adoro também as minhas imperfeições. E mais uma vez narcisista, pois claro.
Mas voltando ao sonho. Tinhas crescido também, em parte só a tua figura era a mesma, no fundo nem contigo estava a sonhar mas...porquê a tua imagem? Naqueles 30 segundos após acordar em que ainda estamos a dormir mas já com os sentidos despertos ainda tentei alcançar algo na minha cama, sem sucesso. Também tinhas a tua voz, o teu jeito de andar e a tua forma de vestir. Mais uma vez, não sei o que isso quereria dizer.
Foi só um sonho, nunca foi de lhes dar muita importância, talvez porque passei toda a minha infância sem os ter, ou pelo menos sem me lembrar deles ao acordar. Sempre fui mais de imaginar do que de sonhar, assim posso recuar e re-desenhar até alcançar o ambiente perfeito. Já tive perto de o conseguir, até já imaginei o meu próprio mundo e as pessoas que lá habitavam, curiosamente poucas das quais conheço pessoalmente. Mas isso fica para outra altura.
Quando eu finalmente encontrar o meu eu no sexo oposto, tenho a certeza de que nos vamos adorar, quase tanta certeza como a que tenho de que nos vamos dar extremamente mal. Eu não gostaria de conviver comigo mesmo, deveria ser complicado, iríamos estar tanto em sintonia que um de nós ia constantemente mudar a própria opinião só para ter com que contrariar, e às vezes íamos estar em sintonia só para conseguir contrariar o costume.
Ao escrever este texto chego à conclusão que afinal o ser perfeito para mim é o que tem mais a ver comigo, mas...vamos falar de quê? Vamos fazer o quê juntos? Se calhar também não.
Afinal o ser perfeito para mim é um ser sem personalidade, que concorde sempre comigo não porque sente mas porque não tem opinião própria e portanto é fácil de lidar, duvide que consiga alguém assim. Pelo menos permanentemente assim.
Bem, não há ser perfeito para mim. Ou então é alguém que reuna um pouco destas todas. Ou então um que não reuna nenhuma destas condições.
1 comentários:
outubro 29, 2008 7:38 da tarde
um ser perfeito só mesmo em sonhos, porque ai as coisas são todas desenhadas à nossa imagem e à altura do nosso ego, entao tudo é tal e qual como ambicionamos. Na vida real, seres perfeitos se calhar nada têm de perfeito, pelo menos fora da nssa forma de os ver, contudo aos nossos olhos as suas assimetrias e defeitozinhos irritantezinhos e parvos parecem-nos a coisa mais dócil do mundo (e nós parecemos uns totós ao lado deles)
"Eu não gostaria de conviver comigo mesmo, deveria ser complicado, iríamos estar tanto em sintonia que um de nós ia constantemente mudar a própria opinião só para ter com que contrariar, e às vezes íamos estar em sintonia só para conseguir contrariar o costume."
eu nao iria gostar nada de conviver com um eu meu no masculino, porque o ia achar um snob estrábico egocentrista, com a mania das grandezas, distraído e irritante.
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