Outro que não foi feito para estar aqui mas também veio cá parar.

Essa incompatibilidade de que falas, que tanto me consome, e pelos errados motivos não é mais do que pura obsessão. Eu não quero o que tu queres, tu não sentes o que eu sinto, sejamos perfeitos. Eu já não tenho mais nada para dar, nem tão pouco razão para sair, talvez tão pouca como para ficar a não ser aquele simples almejo de contacto, de um respirar teu sobre algo de mim. Razão que baste, dizer-se-ia outrora, razão idiota, nos tempos que correm, razão de quem não tem vida, razão de quem procura refúgios. Têm razão, assim como eu, mesmo pensando o oposto, e quase que aposto que tu também. Os tais errados motivos que me consomem, são tão errados que me consomem de errado jeito, consomem-me de esperança, essa maléfica inimiga das atitudes correctas. Ou correctamente erradas, como é óbvio, o certo já há muito está equivocado, anda perdido algures nas acções não feitas, nas felicidades não almejadas, nas alegrias não conquistadas. Todos se dão bem em perfeita sintonia, esta também há muito imperfeita. Por isso que os odiamos, falando no plural, odiamos pessoas, todos nós. Odiamos porque somos iguais, no fundo é só até perceber que nos odiamos a nós mesmos, até porque seria tarefa bem mais árdua, o cinismo interior. Poder-se-á afirmar então estarmos em imperfeita desconexão, sendo que a única partilha é sermos tão distintos, únicos.

Regresso...

Para já com algumas coisas que tenho vindo a escrever em "segredo", depois logo se verá. O estilo é completamente diferente.


O meu mal foi ter te posto num lugar onde nenhum ser humano poderá
almejar, um imenso pedestal, ao qual nem Adamastor conseguiria chegar, para
sequer te arranhar os calcanhares. Um passado proceloso, vivendo o
sofrimento da agonia, no fundo causada pela melancolia de alguma coisa
ainda não muito bem definida, mas já perceptível ao ponto de ser sofrível
ao ponto de nos fazer felizes inconsequentemente, mas, apesar de tudo
num tempo passado, e como qualquer outro, vivendo na busca dum futuro mais aprazível,
ou pelo menos com uma certa decência.
Por fim foi encontrado, na irreverência inocente do teu olhar, e na firme insegurança do teu passo, que por muito que moleste, é agradável, e por muito que nos fira, o sangue
derramado acaba por ser a nossa cura. Toda uma panóplia de contradições,
imperfeições, ideias inexplicáveis, causadas por sentimentos, todos eles
incontestáveis, contudo incompatíveis e por isso mesmo infundados na
verosimilhança da correspondência.